- Área: 150 m²
- Ano: 2009
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Fotografias:Sergio Marques
Projeto Original, 1958 – 1960
Área Construída: 130,00 m2
Arquitetura, Construção: Arq.Moacyr Moojen Marques
Hidraulico e Elétrico: Eng.Heinz Bauman
1° Rearquitetura, 1989 – 1993
Área acrescida: 20,00 m2
Arquitetura: Arq.Sergio M. Marques, Colaboração: Arq. Anna Paula M. Canez
Construção: Arq. Sergio M. Marques
Hirdraulico e Elétrico: Arq. Ricardo Sassen Paz e Arq. Steffani Nohel Paz
Texto de Sergio Marques
No final da década de 1950, Moacyr Moojen Marques planejou com a família, construção de casa para veraneio e finais de semana, no balneário Ipanema, sul da capital. O terreno escolhido, em cull-de-sac, no loteamento inicial do velho Juca Batista, possuía já adulta uma expressiva Timbaúva, decisiva para a opção. O projeto, apesar da singeleza imaginada para um bangalow de madeira de uso sazonal, inseriu-se no desenho despojado das casas racionalistas produzidas na Califórnia nas décadas de 1940 a 1960, a exemplo do study cases houses program, conectadas ao contexto gaúcho pela via da arquitetura produzida por paulistas como Oswaldo Bratke, Rino Levi e a vinda de Richard Neutra a Porto Alegre.
A tipologia de casa moderna térrea ladeada por pérgolas e pátios delimitados por muros prolongados, horizontalidade acentuada, planta livre na área social e cozinha americana integrada, recheava o imaginário da classe média da década de 1950, ilustrado com imagens publicitárias da vida moderna, provida de automóveis, televisores, eletrodomésticos e móveis de perna palito. Do modelo norte-americano a casa ainda é herdeira, do racionalismo construtivo condicionado pela estrutura baloon-frame e fechamentos laterais de madeira. No final da década de 1980, após usos intermitentes, um projeto de renovação transformou-a em residência permanente.
A intervenção, além da restauração dos elementos originais, agregou novas áreas de serviço e novos planos de fachada com elementos de concreto, intermediados por área de transição com as fachadas de madeira originais, restauradas. O novo projeto, seguiu a trilha da racionalidade construtiva, modulando os acréscimos construídos, com blocos e cobogós de concreto. Os elementos industrializados brutos deixados à vista contrastam com a calidez da madeira e tijolos, inserindo no ambiente termos próprios do brutalismo paulista dos anos 1960, e/ou da arquitetura produzida na região do Ticino, na década de 1980. Duas fachadas, duas gerações, duas arquiteturas.
Nos anos 2000, o terreno original foi acrescido com uma fatia de três metros e meio de frente, na face oeste. Nesta parcela anexada, um terceiro projeto determinou a criação de nova garagem, área de lazer integrada à piscina nos fundos, quarto de casal e ateliê.
A fatia, no pavimento térreo com planta livre, permite um futuro incremento do ateliê como atividade predominante. No segundo pavimento, quarto e ateliê unidos por passarela, com vazios, facultam a penetração de luz zenital de sheds, na cobertura. A materialidade e a dimensão tectônica, pautam estratégia de projeto e caráter arquitetônico. Na nova divisa oeste, a parede é constituída de lajes de concreto pré-fabricadas com nervuras colocadas na vertical, sustentando vigas calhas longitudinais e transversais de concreto igualmente pré-fabricadas.
Junto à casa existente, na estrutura do entrepiso, da cobertura e do fechamento lateral, aço na forma de pilares tubulares, vigas em “I” e tubos de dez por cinco centímetros. Telhas e paredes laterais, com painéis térmicos de aço duplado.
A tipologia e conceito da casa pavilhão, com filiação às construções de uso industrial, impõe ao conjunto anterior, elemento principal dominante, mas que segue, principalmente na racionalidade construtiva, a continuidade cronológica e familiar.